• Tortura em nome da democracia do PAICV

    Porrada, humilhação e tortura na Cadeia de S. Martinho. Os supostos cabecilhas do motim, do dia de Natal, foram transferidos, quarta-feira para S. Vicente

     

    Motim da Cadeia de S. Martinho      II Episódio

     

    Tortura em nome da democracia do PAICV

     

    Informações chegadas até nossa Redacção, dão-nos conta que vários presos continuam a ser espancados, na Cadeia de S. Martinho. Uma testemunha, cuja identidade reservámos, contactou-nos para denunciar aquilo que considera ser “humilhação e tortura” que os presos têm sido alvos, desde o dia 25 de Dezembro, depois do histórico motim.

    Algumas informações continuam desencontradas: por exemplo, o número de feridos: as autoridades insistem em dizer que são “apenas três”, enquanto outras pessoas e órgãos de comunicação continuam a noticiar que foram seis feridos. Entretanto, continuamos sem ouvir a versão dos presos, neste imbróglio.   

    “Não foi só a porrada que os presos tiveram direito”, começa por contar-nos a nossa fonte, pasmada, depois da cena “digno de um filme policial”. Segundo nos revelou, o tiroteio na cadeia no dia de Natal só aconteceu depois da chegada do Corpo de Intervenção.

                Doze polícias foram às celas, mas foram enfrentados pelos presos, que, depois de terem arrombado 16 portões, apoderaram-se de um guarda prisional e vedaram o acesso às celas. A Polícia enfrentou os encarcerados lançando gás lacrimogéneo, mas o agente que accionou o gás não teve todos os cuidados e o tóxico sufocou um seu colega, o que obrigou a retirada dos agentes, para depois voltarem a fazer frente aos revoltosos.

                Os enclausurados, adianta, deitaram água e teepool no chão para dificultar o acesso dos polícias, às referidas celas. Quando o Corpo de Intervenção derrubou o portão, um agente da incorporação foi atingido com uma pedrada. Foi ali que o comandante da operação, que seguia na frente do pelotão, accionou o seu AKM, e abriu fogo dentro da cela, o que levou os revoltosos a amontoarem-se para se defender, mas os estilhaços fizeram ricochete, e atingiram um grupo de presos e um sub-chefe dos Guardas Prisionais.

                Com o reforço dos restantes colegas que aguardavam, no pátio do presídio, a polícia invadiu as celas e começou a retirar os presos, algemando-os, e, a partir daí, começou a “tortura”, adianta a nossa fonte.

                Os presos foram arrastados, ouviram-se choros e toda a “barrulhada”, que era audível do lado de fora do portão.

     

    “Tortura e massacre”

     

                A nossa fonte adianta que os presos foram brutalmente espancados, durante a rebelião. Quase todos foram arrastados pelo chão e com uma mangueira iam sendo molhados e açoitados como se “fossem animais”, anota. Segundo as nossas fontes há elementos do CI que reprovaram as ordens que receberam, “visto estarem a torturar alguns detidos”, mas foram obrigados a acatar a decisão.

    “A pancada foi tanta que os presos já nem podiam gritar”, conta a nossa fonte, que desafia a direcção da Cadeia a provar o contrário. “Os presos”, prosseguiu, foram obrigados a gritar “viva choque, viva Corpo de Intervenção”.

    Segundo consta, houve momentos em que os presos eram algemados, a dois, e por vezes dormiam no quintal, em pleno cimento, denuncia. “É uma dor ver aquilo”, confessa, dando-nos conta que um grupo de presos, tido como supostos organizadores desta rebelião, foi transferido com o máximo sigilo, para S. Vicente, a bordo do navio Tarrafal, na noite da passada quarta-feira. E nesse grupo teriam estado Giboli e Janito. Informações não confirmadas dizem que o detido Zifa que estaria por viajar, só não seguiu viagem devido ao seu estado débil de saúde, encontrando-se, neste momento na solitária. .

                A tortura prosseguiu noite dentro, naquele domingo. Às tantas foram colocados com a boca no chão, arrastaram-nos enquanto os agentes da CI iam pisando, pontapeando e batendo.  

                Um outro preso, que sobre ele pesa um outro crime, supostamente por ter roubado, dias antes, na cantina da Cadeia, cerca de 60 contos, em cigarro e 80 mil escudos, em dinheiro, levou uma boa surra, nesse dia.

                Também, alguns objectos dos presos, como televisão, rádio e DVD foram partidos durante o motim. Sabe-se também que as celas estão sem corrente eléctrica, nas tomadas. Apenas as lâmpadas têm corrente.

                No domingo de Ano Novo, estava agendado a visita aos presos, mas foi uma farsa. A visita foi selectiva, e houve presos que não tiveram direito à visita. Não foi permitido a nenhum familiar abraçar o seu familiar, para não segredar nada nos ouvidos.


  • Commentaires

    Aucun commentaire pour le moment

    Suivre le flux RSS des commentaires


    Ajouter un commentaire

    Nom / Pseudo :

    E-mail (facultatif) :

    Site Web (facultatif) :

    Commentaire :